quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Ballet de Londrina

Dança com a Cia. Ballet de Londrina e teatro com a Cia. Nu Escuro, de Goiânia, são as duas atrações de hoje do 8º Festival Internacional de Artes Cênicas Goiânia em Cena. Às 19 horas, no Teatro da PUC Goiás, a Nu Escuro apresenta Preciso Olhar, sua mais recente produção, dirigida por Henrique Rodovalho, da Quasar (leia sobre o espetáculo nesta página). Às 21 horas, será a vez de a Cia. Ballet de Londrina ocupar o palco do Teatro Madre Esperança Garrido, do Colégio Santo Agostinho, com a coreografia Para Acordar os Homens e Adormecer as Crianças, de Leonardo Ramos.

Criado há 16 anos pela Fundação Cultural Artística de Londrina (Funcart), a companhia de dança contemporânea tem 22 coreografias no seu currículo. A mais recente, Para Acordar os Homens e Adormecer as Crianças, estreou no Festival Internacional de Londrina, um dos mais importantes do País, em junho deste ano. Logo depois, o grupo apresentou-se em Lima (Peru) e Assunção (Paraguai). Depois de Goiânia, fará exibições em São Paulo e em dez cidades do Paraná. Contemplada com o Prêmio Klaus Vinna de Dança 2009, da Funarte/Ministério da Cultura para Circulação, a companhia vai circular pelo Nordeste, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Curitiba em 2010.

Entre as mais conceituadas do País, a Cia. Ballet de Londrina já fez espetáculos em nove países da América do Sul e dezenas de cidades brasileiras. Seu objetivo agora é levar sua dança à Europa. Mantida pela Prefeitura de Londrina, a companhia, formada por 15 bailarinos (profissionais e estagiários), investe na linguagem contemporânea da dança e na pesquisa.

“A companhia tem uma identidade, um produto bem elaborado, que pode não ser inovador, mas é muito bem desenvolvido”, afirma o coreógrafo Leonardo Ramos, há 15 anos à frente do grupo, fundado em 1993. Há pouco mais de um ano, ele assumiu a direção da Funcart, mas revela que sua vocação é mesmo a dança. Além da sede e do pagamento de salários, a Prefeitura de Londrina patrocina as montagens dos espetáculos. Mesmo assim, a companhia faz captação de recursos em empresas privadas e através de prêmios e editais destinados à dança. “São recursos de pequeno porte. A gente vive com a corda no pescoço, com medo de que alguma coisa dê errado, haja um retrocesso e a gente perca o apoio da prefeitura”, revela o coreógrafo.

Para Acordar os Homens e Adormecer as Crianças tem como enfoque o chamado rito de passagem da infância para a idade adulta, que ocorre, segundo o coreógrafo, cada vez mais cedo na vida das pessoas. “Dormimos criança e lamentavelmente acordamos adultos”, salienta. Com o amadurecimento repentino, o adulto perde a criança que havia no seu corpo.

“O espetáculo é um alento para a dor da perda da infância, um conforto para a angústia da perda, e a esperança de um mundo menos pesado no cotidiano”, reitera o coreógrafo, esclarecendo que a coreografia não tem um enredo fechado em si mesmo, mas aposta na resvala. “Nossa proposta é que a plateia trabalhe a emoção sobre o que está em cena. Faça a sua própria leitura, organize o corpo como produto amadurecido”, explica.

Fora do eixo
Em todas as suas produções, o Ballet de Londrina procura levantar questões que desencadeiem questionamentos, a busca de novos eixos de equilíbrio, outras formas de locomoção que não sejam feitas só com as pernas, mas de forma integral, diz o coreógrafo. Assim como a goiana Quasar Cia. de Dança, a Cia. Cena 11, de Santa Catarina, e o Grupo Corpo, de Belo Horizonte, a Cia. Ballet de Londrina consolidou-se fora do eixo Rio–São Paulo, que ainda é considerado por muitos como fundamental para artistas de qualquer área progredirem e conquistarem o seu espaço.

Leonardo Ramos considera que essas condições estão mudando, e os grupos apostam na continuidade do trabalho e na busca de novos espaços em seus próprios locais de origem. Nada impede que façam contatos em todos os lugares, pois as distâncias estão cada vez mais curtas. Prova disso é a multiplicação dos convites para turnês. “O ambiente está mudando. Isso é muito bom”, assinala.

Além da criação exclusiva, a Cia. Ballet de Londrina preocupa-se com a formação de elenco permanente e profissional de seus bailarinos. A característica autoral e o trabalho coletivo são outras características. “Londrina tem a companhia como um valor cultural e não político-partidário. Temos um público que nos prestigia”, assegura o coreógrafo, que rotineiramente estreava um espetáculo por ano.

Depois de Decalque, de 2007, preferiu apostar numa temporada maior e em criações mais espaçadas. “Decalque definiu o perfil da companhia”, assegura. A Cia. Ballet de Londrina traz a Goiânia os bailarinos Alessandra Menegazzo, Alexandre Micale, Bruna Martins, Carina Corte, Cláudio de Souza, Gláucia Leite, José Maria, Nayara Stanganelli, Marciano Bolleti, Viviane Terrenda, Guilherme Floriano e José Ivo. Vitor Rodrigues faz participação especial. O grupo vem acompanhado do diretor e coreógrafo Leonardo Ramos, da assistente de direção Ana Maria Aromatário e técnicos.

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